sábado, 16 de julho de 2011
FILMES: O MEDO DEVORA A ALMA
Um grande filme do frenético diretor alemão Rainer Werner Fassbinder. Em 93 minutos de projeção, Fassbinder aborda vários temas em um só filme: preconceito racial, preconceito social, preconceito de idade, relação familiar, relação conjugal e a questão dos imigrantes na Alemanha. Tudo isso misturado com a história do casal protagonista, Emmi (Brigitte Mira) e Ali, que não é seu verdadeiro nome, mas como sendo mais um imigrante árabe na Alemanha, é assim que é chamado, muito bem interpretado por El Hedi ben Salem. Tudo começa quando Emmi, uma senhora há muito tempo viúva, com os filhos todos casados, vive só e sua rotina é seu trabalho como faxineira e sua casa, até que um dia, devido a uma forte chuva, acaba entrando em um bar a fim de esperar que a chuva passe. Lá enquanto toma uma coca-cola conhece Ali, que a convida para dançar. Os dois conversam e Ali se oferece a acompanhar Emmi até sua casa e acaba passando a noite lá. Ali, um imigrante marroquino, divide um quarto com outros seis imigrantes, sua rotina é trabalho casa e o bar onde Emmi entrara, um reduto de imigrantes árabes. Os dois acabam por se apoiar emocionalmente no outro, duas pessoas solitárias, desejosos de se aproximar de alguém, mais juntos enfrentarão diversos problemas, Emmi é vinte anos mais velha que Ali, além do fato de todos a volta deles reprovarem a união entre uma alemã com um imigrante árabe negro. Emmi passa a sofrer preconceito com as vizinhas, com amigas de trabalho e até com o vendedor do mercadinho perto da sua casa que recusa a atender Ali. Os filhos de Emmi também rejeitam esse romance e os amigos de Ali também começam a criticar chamando Emmi de sua avó. Apesar de serem felizes juntos, a pressão social entre os dois é enorme. Será que valeria a pena abrir mão de tudo aquilo que conheciam, amigos e parentes em nome do amor? A relação deles começa a estremecer. Em todo o filme, vemos a intenção do diretor em dar todo o destaque ao casal, ou quando estão sozinhos, mostrá-los em destaque, como que para acentuar a solidão que o preconceito gera, como por exemplo quando Emmi e Ali estão em um restaurante ao ar livre e todos os garçons e atendentes ficam olhando para eles e apontando, como desaprovando a união entre os dois, e Emmi com ódio e raiva grita aos prantos: - Parem de olhar, ele é meu marido! Tudo o que o diretor deseja é que o espectador reflita sobre as dificuldades que temos com relação as imposições sociais, o preconceito, em vencer barreiras que para a sociedade em geral julga ser diferente. Apesar de mostrar um período específico da Alemanha, afinal o filme é de 1974, o filme continua mais atual do que nunca, ainda mais agora com cada vez mais em destaque a questão dos imigrantes na Europa e todo o problema de violência e preconceito que sofrem. Com certeza um filme bastante reflexivo, e uma obra-prima que merece ser vista e aplaudida.
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