O governo egípcio anunciou neste domingo que, durante os protestos populares realizados nas últimas semanas, diversas peças foram roubadas do Museu do Cairo - inclusive uma estátua do faraó Tutancâmon.
Famoso mundialmente, o Museu do Cairo (cujo nome oficial é Museu de Antiguidades Egípcias) tem mais de 120 mil peças, incluindo múmias, estátuas, jóias e tesouros das principais dinastias do Egito antigo.
Segundo o ministro de Antiguidades egípcio, Zahi Hawass, oito peças desapareceram do museu, depois que manifestantes invadiram o local, no terceiro dias de protestos. O museu fica na praça Tahrir, foco principal do levante iniciado em 25 de janeiro.
Uma das peças roubadas é uma estátua adornada do faraó Tutancâmon sendo carregado por uma deusa. Partes de outra estátua dele tocando harpa também foram saqueadas.
A múmia do faraó, que reinou entre 1333 a.C. e 1324 a.C., está no acervo do museu.
Segundo a correspondente da BBC no Cairo Yolande Knell, homens detidos depois da invasão do museu estão sendo interrogados. O local está fechado para visitantes, sem uma data definida para reabrir.
Em um comunicado divulgado nesse sábado, o ministro afirmou que 70 peças do museu foram danificadas durante os protestos, mas que todas poderiam ser restauradas. Logo depois da invasão, diretores do museu disseram que duas múmias sofreram danos.
Praça Tahrir
Milhares de manifestantes se dirigiram neste domingo à praça Tahrir, no centro da capital do Egito, Cairo, para se unir às poucas centenas de pessoas que continuam acampadas no local, a quem o Exército está tentando remover.
O chefe do bureau de Oriente Médio da BBC, Paul Danahar, afirma que há vários dias o clima na praça Tahrir não era tão tenso. Houve diversos casos de empurra-empurra entre manifestantes e militares, que insistem em liberar a praça.
A praça Tahrir foi o principal foco dos protestos populares iniciados no dia 25 de janeiro, pedindo a saída do presidente egípcio, Hosni Mubarak. Na última sexta-feira, depois de quase 20 dias de protestos, Mubarak deixou o poder, após quase 30 anos.
As pessoas que ficaram acampadas na praça dizem que só sairão quando o Comando Militar, que assumiu o poder no lugar de Mubarak, implementar reformas democráticas.
"Nós não queremos quaisquer manifestantes acampados na praça depois de hoje", disse neste domingo o chefe da polícia militar egípcia, Mohamed Ibrahim Moustafa Ali.
Na manhã deste domingo, centenas de policiais - uma das forças de segurança mais temidas pelos egípcios durante o governo de Mubarak - entrou na praça Tahrir, o que aumentou a tensão no local.
Os policiais cantavam: "é um novo Egito, o povo e a polícia são um só", semelhante a um grito de ordem bastante popular durante os protestos das últimas semanas no Cairo. A multidão, no entanto, gritou de volta: "vão embora, vão embora".
O correspondente da BBC no Cairo Jon Leyne afirma que os soldados que estão na praça parecem indecisos sobre como reagir ao crescente número de manifestantes que se dirige para a área.
A grande maioria dos egípcios que havia montado acampamento no local já foi embora. Muitos tiveram a ajuda do exército para desmontar suas barracas. Os veículos já trafegam com normalidade na praça, onde barricadas haviam sido erguidas durante os protestos.
O Exército egípcio começou a retirar as barricadas dos acessos à praça nesse sábado, removendo carros queimados que serviam de barreiras. Além disto, centenas de pessoas fizeram mutirões para limpar o local.
As Forças Armadas mantêm tanques e veículos blindados nas ruas, principalmente em frente aos prédios do governo e de outras instalações importantes.
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